A Vale inicia em março, no Centro de Excelência
em Logística (CEL), em Vitória (ES), os testes com o mais moderno simulador
de operação de trens do mundo, desenvolvido em parceria com a Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (USP). O equipamento possibilita a reprodução
fiel das malhas ferroviárias da Vale em tecnologia 3D e recebeu investimentos
da ordem de R$ 2,5 milhões. O objetivo é treinar maquinistas com uma tecnologia
de ponta totalmente brasileira, que resultará em mais segurança nas operações,
economia de combustível e redução de desgaste das locomotivas e vagões.
O simulador de realidade virtual vai reproduzir
as malhas das estradas de ferro Vitória a Minas (EFVM), Carajás (EFC),
Norte Sul (FNS) e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que, juntas, somam mais
de 10 mil quilômetros de linha. A imagem produzida em 3D é capaz de mostrar
o comportamento do trem, ao longo de todo o trajeto de uma ferrovia, sob
diferentes condições climáticas, como sol, neblina e chuva. Por meio de
um sistema de georreferenciamento, o simulador também pode criar diferentes
malhas ferroviárias, que não existem, e projetar situações de risco como,
por exemplo, animais cruzando a linha do trem durante a noite.
O simulador tem funcionalidades inovadoras,
como a leitura de dados georreferenciados (latitude e longitude) que permite
determinar, por meio da visão em 3D, todas as características topográficas
do relevo da malha ferroviária, como curvas acentuadas e desníveis. "O
software será instalado em cabines de treinamento, que são a reprodução
de uma cabine de locomotiva modelo Dash 9, e simulará os trens em movimento",
diz Gustavo Mucci, gerente geral de Inovação e Desenvolvimento Ferroviário.
O simulador considera também, em um ambiente de realidade virtual, todas
as características de um trem, como aderência da roda ao trilho, eficiência
da frenagem, de tração e do freio dinâmico, tempo de percurso, consumo
de combustível e procedimentos de segurança. "Os maquinistas estarão
expostos a situações reais de operação", completa Mucci.
Nos últimos oito anos, a Vale investiu
R$ 9,5 milhões em tecnologia de simuladores e, em 2010, deve investir mais
R$ 1 milhão no aperfeiçoamento dos módulos do novo simulador. A previsão
é que, a partir do segundo semestre, sejam instaladas cerca de 24 cabines
de treinamento no Centro de Excelência em Logística (CEL), em Vitória (ES),
em São Luís (MA) e também ao longo da FCA, em unidades móveis de treinamento
da Valer, a área de educação da Vale. Cerca de 540 maquinistas serão treinados
ainda este ano.
A tecnologia utilizada no simulador permite
que a supervisão do treinamento seja via internet, ou seja, um supervisor
pode controlar, simultaneamente, mais de uma área de treinamento em local
remoto. Durante os dois anos de desenvolvimento do simulador, todos os
sistemas importados foram substituídos por programas desenvolvidos no país.
"Os códigos utilizados no simulador de trem foram desenvolvidos no
Brasil, o que acaba com a dependência dos sistemas importados. Tanto a
Vale quanto a USP acumularam muito conhecimento na área, principalmente
no que se refere ao comportamento dinâmico do trem. A experiência agora
pode ser replicada em outras áreas da companhia", afirma Roberto Spinola
Barbosa, professor e pesquisador da Escola Politécnica da USP.
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